meu 2018 - retrospectiva - Caos Arrumado - Viver Itália

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meu 2018 – retrospectiva

, por fialhogi

Todo ano me obrigo a fazer uma retrospectiva, é aquele momento importante da nossa vida que fazemos o balanço entre nossas expectativas, desejos e frustrações. Esse ano resolvi compartilhar de forma mais íntima com vocês – leitores – minhas vitórias e derrotas.

Eu que já sou uma pessoa muito sensível, me deixo às vezes levar por pensamentos autodepreciativo, comparando minha vida e conquistas com as dos outros. Foi quando surgiu um post no instagram da minha fada sensata favorita, Nuta Vasconcellos.

…uma época danada para a auto sabotagem. Sabe a retrospectiva? E quando ao invés de surgir na memória nossas conquistas e alegrias do ano, tem aquele diabinho no ouvido lembrando tudo que a gente não conquistou, tudo que ainda não nos tornamos e que as vezes, ainda estamos sentados na mesa das crianças, apertados ali, em uma cadeira que não nos serve mais. Esse é o gatilho que precisamos para sentimentos e comportamentos que tínhamos certeza que já tínhamos superado e mergulhamos de cabeça na autodepreciação.

Nesse momento senti a necessidade de compartilhar minhas vitórias e conquistas. De falar em voz alta e aceitar as frustrações e trabalhar em soluções. Por que esse ano não foi como o planejado, mas ele foi maravilhoso para caramba! Tenho sim muitas coisas para agradecer.

Janeiro / Fevereiro / Março

Foram tempos complicados em casa. O Erik veio para a Itália com visto de estudante e dependíamos que ele conseguisse um trabalho para transformar o visto e que assim ele pudesse ter residência aqui na Itália. Com orçamento apertado e um inverno cruel, senti muito frio, mas também muita angústia e desenvolvi ansiedade.

Acordava no meio da madrugada para chorar de desespero. Quando sua vida, seu futuro está na mão de terceiros é complicado. A mudança interna veio como uma ruptura entre a Giovanna menina mulher, para uma Giovanna em crise porque era jovem demais para ser velha e velha demais para ser jovem.

Briguei também com um grande amigo, e tenho certeza que foi uma decepção muito forte para ambos. Sei que tenho razão em muitos pontos, mas também sei que fui cruel em tanto outros. Nossa relação, apesar de amizade, sofreu um divórcio nada amigável. Conviver não é um conto de fadas.

 2018 - retrospectiva
Olha ela ainda ruivinha!

Abril / Maio / Junho

O segundo trimestre do ano trouxe com ele a primavera, um pouco de sol e um pouco de luz para gente. Completei 24 anos, foi um dia gostoso e que me deu esperanças que as coisas iam se ajeitar. Consegui meu estagio e terminei ele também, como também conclui meu primeiro ano.

Sempre quis estudar moda e quando finalmente consegui, troquei. Comecei o curso sem muito interesse e com dúvidas do futuro, mudei de ideia e simplesmente me vi apaixonada e envolvida com outras projeções dentro do curso que fazia.

Festival internazionale degli Aquiloni 2018

No meio de Maio eu e Erik conversamos sobre como resolver a questão, o visto dele ia vencer e não tinha encontrado um trabalho que convertesse o visto. A decisão mais difícil não foi o fato dele ter que sair da Itália por 90 dias, mas que quando ele voltasse, assinaríamos um documento que desse residência a ele (não é o casamento calma!).

Tentamos Dublin. Ele foi barrado, dormiu 3 noites no aeroporto porque nem hotel encontramos. Choramos juntos por vídeo de desespero, culpa e frustração. Erik voltou para Itália por 3 dias e depois partiu por 90 dias para o Brasil.

Junho bati o carro, nada grave, só deixei o retrovisor com o caminhão estacionado no final de uma rotatória. Meus pais chegaram e com eles mais um monte de visitas de pessoas que amo. Dade, Amanda, Thoies, Vivi e Moyses.

Viajei para Roma com a família, perdemos nossa Hexa, além de claro ter conseguido minha maior conquista. MINHA CIDADANIA ITALIANA!

 2018 - retrospectiva
A franja deu espaço para minha raiz natural – Copou muito com meus amores!
 2018 - retrospectiva
O livro que mais gostei – Roma é feita de amor e eu fiquei loira!

Julho / Agosto / Setembro

Julho foi um mês de despedidas. Nanda resolveu sair de casa e meu tio (segundo pai) faleceu.

Me dói até hoje, toda vez que lembro dele choro mais um pouco, como se não tivesse lágrimas no mundo pra aliviar meu coração. Sei bem que o corpo dele precisava de descanso, mas nada tira a culpa por não estar perto dele na partida.

Quando ele piorou, fiquei no hospital ao seu lado. 6 dias por semana, 10 horas por dia em 2017 antes de vir para Itália. Sei que ele sabia o quanto o amava, mas queria ter a oportunidade de dizer mais uma vez. Queria que ele me visse casar, entrar com meu vestido e dizer que está orgulhoso.

Foi uma batalha entre mente e corpo, Deus trouxe a cura de ambos que tanto pedimos. Só não da forma como prevíamos. Sei que ele está em paz agora.

Apesar disso tudo, foram os 3 meses que trabalhei no verão como FOTÓGRAFA em um BARCO! Me pagavam para tirar foto das pessoas e dos golfinhos! Foi um momento de realização profissional.

Foi também um período que dei um tempo da internet, eram muitos sentimentos e conflitos que não sabia lidar e a internet (instagram principalmente) me deixava exausta. Eu me comparava demais e me sentia inferior. A ansiedade estava no limite. Apesar do trabalho me envolver e distrair, reconheci que precisava tomar atitudes para melhorar.

O dia em que vi estrelas cadentes – A noite de San Lorenzo

Substitui o tempo gasto com redes sociais com livros. Coloquei a lista em dia e a leitura me ajudou muito a superar alguns medos e entender melhor o que se passava comigo. Inclusive isso rendeu muito post aqui no blog.

Com o fim do verão Leopoldina – minha gata – chegou e em Setembro, Erik voltou e com ele veio na mala meu anel de noivado. Noivamos em Firenze a cidade da arte, que me inspira e energiza.

 2018 - retrospectiva
Em um raro momento de paz no trabalho – O dia que nossa felina chegou
 2018 - retrospectiva
A foto da esquerda foi em Firenze no dia em que fui pedida em noivado – A foto da direita no dia que assinamos os documentos.

Outubro / Novembro / Dezembro

Outubro me deu coragem para voltar para as redes sociais e aceitar que não era mais a mesma Giovanna. Na verdade estou me descobrindo novamente, tudo é novo e me sinto uma criança curiosa, testando novos limites e criando uma base sólida de auto-confiança. Um trabalho diário de muito exercício.

Tenho essa necessidade de parecer comigo mesma. Mudei muito desde a primeira vez que pintei o cabelo, mas entre mudar e se reconhecer leva um tempo. Amadurecer é se redescobrir e nem sempre isso é fácil. Mudar o cabelo, sair do ruivo, foi  o último ato de uma transformação revolucionária interna.

Outubro também foi um mês que o Caos ganhou um novo look, ainda mais lindo que antes e mais que merecido, porque pela primeira vez, o blog começou a se pagar! Nunca pensei em ganhar dinheiro com o blog, esse espaço nunca foi sobre ganhar, mas sim sobre compartilhar. Então quando comecei a receber esse dinheiro, só pensei em investir ainda mais na estrutura e disponibilizar uma experiência melhor para o usuário. Além claro de servir como uma forma de reconhecimento a esses quase 3 anos juntos.

Novembro foi um mês calmo mas com a melhor visitas de todas, Nonato, um velho amigo, veio me ver e foi muito gostoso. Ele reconheceu as mudanças e me senti acolhida e amada. Além claro, de deixar uma Giovanna e Nonato do passado muito realizados. Um dia, juramos visitar San Marino juntos, e em um domingo cheio de neblina e com muita chuva, lá estávamos nós.

Dezembro veio e um monte de expectativas e frustrações voltaram, como se não soubesse o que quero da minha vida. Porque tudo aquilo que tinha planejado para esse ano não aconteceu. Apesar de não ter acontecido aquilo que queria, aconteceu o que deveria acontecer.

 2018 - retrospectiva
As melhores fotos do ano ao lado de um grande amigo e um grande amor da vida.

Mas eu parei e lembrei de uma das coisas mais lindas e verdadeiras que li esse ano, apesar de não ser religiosa me sinto muito espiritualizada, e o texto da da Ellen Nuwen cabe muito bem sobre o ano de 2018.

Foi de uma certa vergonha e extrema gratidão com Jesus. Porque um dia eu pedi pra morrer e hoje estou aqui. Um dia eu disse pra Deus que não queria mais viver, que estava exausta e que não tinha o menor sentido eu estar aqui.

Apesar de todas as dificuldades, estou aqui vivendo um sonho, um privilégio que muita gente queria. Consegui minha cidadania, noivei, estou morando a um ano com o amor da minha vida, estou no segundo ano de um curso que me da possibilidade de viver a vida que sempre quis.

Se tem uma coisa que senti esse ano é que nada é fácil, a vida de ninguém é o feed do instagram e que é preciso cuidar com carinho de si mesmo, que isso jamais será um sacrifício.

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