E NÃO ESTOU ACREDITANDO QUE ESTOU ESCREVENDO ISSO. SIM ESTOU NOIVA!
Acalmem o coração que hoje vou contar como aconteceu o pedido mais lindos de todos os tempos, porque ele é digno de uma comedia romântica.
Justo por isso o titulo desse texto faz referencia ao nosso futuro filme na netflix (sonhar não custa nada né?).

Firenze primeiro de setembro. Descemos na estação principal e o tempo tinha finalmente dado uma trégua. Se fosse um pouco mais otimista diria que hoje é um daqueles dias quentes.
Mas na verdade é primeiro de setembro, o verão estava terminando. Ele estava ali com o mapa em mãos tentando se encontrar.
E essa ultima frase pode ter tantos sentidos para a nos. Não foi pelo acaso que nos encontramos, há alguns anos atras supliquei ao divino que a próxima pessoa pela qual me apaixonasse fosse do jeitinho que ele é.
Na verdade ver ele se confundir na direção tem toda uma graça única. Para quem pegou um avião pela terceira vez devia saber melhor que estrada seguir.
A verdade é que eu e ele passamos por muita coisa durante os últimos anos e principalmente no ultimo semestre para hoje curtir um único e ultimo dia de verão.
Durante 3 meses estivemos separados, foram dias difíceis e as vezes acreditávamos que uma dia mais cedo ou mais tarde iriamos nos separar. Era como estar com alguém sabendo que o final seria cruel para ambos.
E é um dilema que não desejo a ninguém. A angustia de estar fadada a sofrer e morar longe de quem se ama. Uma saudade que nunca, nunca se satisfaz.
Mas não é o momento de pensar sobre isso. Paramos e pegamos um lanche em uma dessas botegas del panne, estamos caçando monumentos e esperançosos para ver Davi de Michelangelo.
Firenze esta clara e bem iluminada mas a brisa fresca avisa que a chuva vai retornar em breve, só espero que nesse momento possamos estar cobertos tomando um café.
Passamos por praças, ruas e borgos. Sentimos perfumes novos, sabores novos, vimos coisas novas e que nem o tempo foi capaz de destruir, até finalmente chegarmos aqui.
A fila parece andar rápida e meu coração acelera com a possibilidade de ver Davi. Já perdi as contas de quantas vezes vim a Firenze e nunca consegui vê-lo pessoalmente.

Entramos e com entusiasmo rimos do fato de ter desconto porque sou oficialmente uma cidadã Italiana.
Sem querer fizemos o caminho contrario do museu, correndo contrario a multidão que caminhava uniformemente com seus celulares e maquinas fotográficas.
Um museu é como um templo. Um acervo do que o tempo a historia e cultura nos deixou de herança. Ali se entende os princípios de criar. Deus é o maior artista de todos, foi ideia dele tudo isso, foi de suas mãos que esculpiu cada detalhe.
Criar é um contato direto com o divino é transcendental. Por isso que quando aquele rapaz por quem sou perdidamente apaixonada pediu para eu esperar meu próximo passo, sabia no meu intimo que aquele momento tinha chego.
Ele me deu as mãos e ficamos observando a magnitude de Davi, imaginando todo trabalho de Michelangelo. Eu podia sentir a energia, podia sentir toda arte que me inspira que me carrega.
Chorei, chorei baixinho, chorei sem parecer chorar de emoção. Mesmo sabendo que Davi é a representação do homem branco, itero, ocidental. Não conseguia não me emocionar e envolver com a obra.
Olhei para o lado e encarei os olhos daquele garoto que me acompanhava, no meu intimo esperava uma atitude ali para marcar o que tinha a bênção divina.
Temos uma gata juntos, dividimos a cama, as contas e a louça. Só não a mesma expectativa talvez.
Depois de alguns bons minutos resolvemos continuar nosso passeio. E de novo, chorei. Mas chorei sozinha e no meu íntimo. E meus caros amigos essa é a pior forma de chorar.
O choro em silêncio.
Sai do museu decidida a conversar abertamente com ele no trem, deixar claro que não espero mais um pedido ou um anel. Que essa expectativa tem me feito mau e que eu sei que vamos casar um dia.
Era mais fácil engolir o choro que suportar a ansiedade e frustrações. Como artista minha mente é fértil e lúdica, todo momento é momento para criar.
Criei tantas versões de pedidos que a ansiedade tomou conta de mim e que se ele usasse tênis com cadarço e abaixasse para amarrar na minha frente, seria capaz de chamar o padre!
O céu derramou suas lagrimas sobre nos alguns passos depois, a garoa fina vinha aumentando. Por mim, ficava por ali, a Ponte Vecchia era linda, vamos tomar um gole café e fingindo estar tomando iniciativa.
Mas ele insistiu que a parte mais bonita não podia ser deixada de lado, que era o que ele mais queria ver. “Vamos fazer um piquenique, ver o por do sol?”.
Como dizer não para aqueles olhos doces, não importava o que tinha acontecido horas antes. Aqueles olhos me acariciaram e me inspiraram.
Paramos em um mercado. Queijo. Vinho. Doces. E a taças? Deixa para lá.
Enquanto caminhávamos em direção a Piazza di Michelangelo a chuva só aumentava. Chegamos na longa, grande e íngreme escadaria que dava para a vista da praça.
Fiquei preocupada com ele, sei que grandes exercícios com o mau tempo é a combinação para ele ficar sem ar.
Mas novamente ele insistiu para subirmos. Sentia o esforço dele em fazer aquela tarde algo majestoso como toda Firenze por si só é.
No alto da piazza sentimos as gotas ainda mais grossas e resolvemos conhecer a Basilica de San Miniato.
O celular apitou. Zero bateria. Meu humor que não estava dos melhores ficou pior. Não conseguia mais disfarçar o desânimo e a frustração que sentia.
Passamos pelo arco da Basílica e como se fosse algo divino, uma mensagem de esperança, encontrei uma tomada, em um local que não tinha nem luzes acesas e que completa mil anos esse ano.
Certo que depois disso, voltei para o banco e orei. Pedi para Deus me dar sabedoria, para lidar melhor com minhas expectativas.

De canto vi um senhor levando meu celular. Era um guardo que me alem de me dar uma bronca, deu a entender que era melhor sairmos da igreja e irmos para um café.
Novamente passamos pelos arcos. A chuva tinha sessado e ali do alto vimos Firenze. Reconhecemos os lugares que havíamos passado durante o dia.
Ele me puxou e abraçou. Surrou nos meus ouvidos que me amava e acalmando meu espirito aflito. Seus lábios carnudinhos e molhados me beijaram da força doce que sempre me beija.
“Você sabia que esses arcos são simétricos para representar a perfeição divina?” ele me perguntou.
Gostaria de ter respondido algo melhor do que “Você esta bem?”, mas não consegui. Estava tão próxima a ele que conseguia ouvir as batidas frenéticas do seu coração.
“Essa igreja tem mil anos, suportou tanta coisa e continua solida e perfeita, como nosso amor…”
Ali do alto de Firenze tão próximo das nuvens o melhor lugar para se imaginar (para uma cabeça nas nuvens como eu) ele se ajoelhou, tirou do bolso uma caixinha que estava guardando o dia todo.
“SIM!”
Um senhor, que não tinha percebido que estava ali antes, aplaudiu a celebração do amor e finalmente estava noiva dele.
A eternidade é pouco tempo, eu sei que com ele tenho essa e outras próximas vidas juntos.
Gi